terça-feira, 11 de junho de 2013

Mulheres, poder e Facebook

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Sheryl Sandberg tem sido uma das forças motrizes por trás da ascensão do Facebook e, recentemente, ela lançou um debate sobre o desequilíbrio entre os sexos nas cúpulas das empresas ao publicar o livro "Lean in: Women, Work, and the Will to Lead" (em tradução livre, Atire-se: Mulheres, trabalho e a vontade de liderar).
A diretora de operações do Facebook conversou com Walt Mossberg e Kara Swisher, produtores executivos da conferência de tecnologia "All Things Digital", da Dow Jones, e falou sobre a importância de levar o debate sobre gênero ao ambiente de trabalho e sobre os desafios de administrar o futuro da gigante de redes sociais.
Aqui, trechos editados da conversa:
Mossberg: Há uma série de indústrias e vários governos e estruturas sociais que claramente apresentam um desequilíbrio entre os sexos, mas o que dizer sobre tecnologia?
Sandberg: Os números da indústria variam entre 11% e 21%, mas, basicamente, todos os setores têm o mesmo problema. As pessoas pensam que é mais em tecnologia ou finanças, mas não é. Todos os setores são predominantemente liderados por homens.
Mossberg: Mas a sra. trabalha na indústria de tecnologia. Então, o que tem observado sobre isso?
Sandberg: Todos os setores têm o mesmo problema. A indústria de tecnologia tem um desafio especial, que é fazer mais mulheres entrarem nos campos conhecidos como "stem" [sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática] e particularmente ciência da computação. Se tivermos o mesmo percentual de mulheres e homens em ciência da computação, conseguiremos reduzir pela metade ou potencialmente preencher a lacuna de cientistas da computação necessários hoje no nosso país.
Swisher: A sra. conseguiu atrair muita atenção para esse debate. Mas como resolver o problema? O que acontece com a mulher depois que ela 'se atira'?
Sandberg: Algo específico que quero fazer é tornar aceitável falar sobre sexo no local de trabalho e educar as pessoas sobre como o gênero nos impede de progredir.
Mossberg: Permita-me perguntar sobre o Facebook Home. Por que vocês o criaram e por que aparentemente, pelo menos no curto prazo, ele não decolou?
Sandberg: O Facebook Home é a primeira versão de uma grande transformação que nós acreditamos ser inevitável, que é a reconstrução do telefone em torno das pessoas. O telefone é um dispositivo incrivelmente social. Estamos todos andando por aí com um computador no bolso, que é 100.000 vezes mais potente que o computador que levou o primeiro homem à Lua no ano em que nasci, o que me faz sentir um pouco velha. É um aparelho incrivelmente poderoso e incrivelmente social, mas a forma como o usamos, a forma como ele é organizado, ainda gira em torno de atividades e aplicativos. Acreditamos que o telefone será reorganizado em torno das pessoas e o Facebook Home é a primeira iteração disso.
Swisher: A sra. o considera um sucesso? Porque muitas pessoas não o veem dessa forma.
Sandberg: Consideramos como uma primeira versão. Tenho certeza que qualquer empresa, inclusive a nossa, adoraria poder lançar uma primeira versão e já acertar em tudo.
Swisher: Muitas pessoas se queixam que o Facebook não elimina do site conteúdo ofensivo às mulheres.
Sandberg: Há uma tensão entre criar uma comunidade segura e protegida e [a garantia de] liberdade de expressão no conteúdo e tentamos encontrar essa linha [...] As páginas do Facebook podem ser anônimas. Isso é realmente importante. As pessoas começam revoluções; precisamos de anonimato. Mas nesse tipo de humor grosseiro contra mulheres ou qualquer outro grupo, já não estamos permitindo que essas páginas sejam anônimas. Estamos revisando-as e dizendo: OK, você quer publicar isso, então coloque o seu nome. Estamos vendo um enorme percentual das páginas sendo desativadas. Mas nas que permanecem, o diálogo é real. As pessoas que quiserem protestar contra essa pessoa pelo humor impróprio ou grosseiro têm meios para fazê-lo.

Matéria publicada em http://on.wsj.com/14q30ol

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