segunda-feira, 19 de agosto de 2013

As lições de Mark Zuckerberg, do Facebook

O livro O Jeito Zuckerberg de Fazer Negócios tornou-se best-seller nos EUA ao destacar lições da trajetória do fundador do Facebook. Leia, em primeira mão, um trecho do livro da russa Ekaterina Walter, que será lançado no Brasil no fim de agosto

Mark Zuckerberg
Getty Images

"Durante seus nove anos de existência, o Facebook mudou a maneira como interagimos online. Já não podemos imaginar nossa vida sem ele. Checamos o Facebook antes de ir para a cama e logo depois de acordar. Ele permite que nossa identidade única, nossa marca própria, seja vista pelo mundo.

Em vez de pegar um telefone, entramos no Facebook para ver o que nossos amigos estão fazendo, dar uma olhada nas fotos postadas recentemente ou ver que músicas eles estão escutando no momento. Paul Adams, gestor de experiência do Facebook, foi quem melhor descreveu esse abalo sísmico causado pela rede social, que hoje tem mais de 1 bilhão de usuários: ‘A internet está deixando de ser construída em torno de conteúdo e está sendo reconstruída em torno de pessoas’.

O site foi fundado pelo jovem de 19 anos Mark Elliot Zuckerberg (ou Zuck, como é chamado por seus conhecidos) no dia 4 de fevereiro de 2004. Na época, Zuck era um estudante na Universidade Harvard e especializava-se em ciência da computação e sociologia. Começou a rede social com o propósito de conectar estudantes da instituição.

Quando outros estudantes demonstraram interesse, ele expandiu o Facebook para outras faculdades e, posteriormente, para o resto do mundo. Abandonou a universidade e se mudou para Palo Alto, na Califórnia, para se concentrar exclusivamente na empreitada. O sucesso do Facebook fez dele um milionário aos 23 anos.

Como foi que o site de rede social tornou-se o que o próprio Zuck descreve como o mais poderoso mecanismo de distribuição de informação já criado numa geração? 

Temos a concepção errada de que nossas ideias empreendedoras ou o produto que queremos criar têm de ser 100% original, algo nunca feito antes. Na verdade, o empreendedor experiente não tem medo de se inspirar e, de vez em quando, ‘roubar’ uma ideia de alguém que não soube executá-la.

Qual foi a inspiração por trás do sucesso do Facebook? Como Zuck teve a ideia? Sua história acadêmica esclarece em larga medida de onde veio a inspiração. O protótipo pode ter nascido quando ainda era estudante no Exeter, um internato privado. No ano em que se matriculou nesse colégio, ele recebeu uma cópia de um catálogo estudantil chamado O Livro de Fotos e Endereços.

Os estudantes apelidaram o catálogo de nada menos do que ‘O Facebook’. Esses livros eram essenciais para a vida dos estudantes, pois permitiam que eles atualizassem seu perfil com informações pessoais e de sua vida acadêmica ao longo dos anos. Zuck também soube olhar para o mercado antes de criar sua rede social.

Os dois competidores do Facebook, MySpace e Friendster, tinham sido lançados um ano antes. O Friendster foi fundado principalmente para ajudar pessoas a encontrar parceiros amorosos. O MySpace era um pouco mais aberto e permitia a criação de perfis com pseudônimos, o que acabava não garantindo a identidade de quem estava conectado.

Faltava uma rede social que garantisse a autenticidade de seus usuários e que não fosse dedicada apenas a relacionamentos. Qual é a lição aqui? O empreendedor não deve ter medo de usar qualquer inspiração que encontrar. Na internet, o grande desafio do empresário não é criar algo que ninguém nunca fez, mas chegar a um produto final que se torne fundamental na vida de seus consumidores.

Seja fruto de uma inspiração ou simples cópia, o importante é que seu produto desperte a paixão dos consumidores. É isso que fará com que sua empresa se torne valiosa.

Qual é sua inspiração?

O propósito de um negócio é a razão fundamental de sua existência. Grandes líderes (e grandes empresas) criam movimentos, não apenas produtos. Segundo Simon Sinek, autor do livro Por Quê? Como Grandes Líderes Inspiram Ação, aqueles líderes que conseguem inspirar dão às pessoas um senso de propósito sem a necessidade de nenhum incentivo externo ou benefício. Em seu livro, Sinek faz referências à Apple.

Apesar das dificuldades, a Apple manteve seu sucesso sob a visão de um de seus fundadores, Steve Jobs. Uma das principais razões de seu êxito é que a empresa foi clara sobre a razão de sua existência. O slogan ‘Pense diferente’ inspirou uma geração e encorajou pessoas a desafiar o status quo. A frase simboliza a escolha da Apple de trilhar um novo caminho.

No início dos anos 80, os computadores eram muito caros para pessoas comuns. Foram a paixão e o propósito de seu fundador que fizeram a Apple criar máquinas mais acessíveis e dar início à popularização dos PCs no mundo. Inflamados pela paixão de Zuck, seus amigos de Harvard se reuniram várias vezes para discutir como poderiam, por meio da tecnologia, mudar o mundo para melhor.

A partir disso, nasceu o propósito do Facebook — ‘Tornar o mundo mais aberto e conectado’. É por isso que os amigos de Zuck saíram da faculdade para ajudá-lo. Queriam fazer online o que era feito de forma menos dinâmica no mundo offline. Ainda hoje, com quase 4 000 empregados, o Facebook está sempre fervilhando de paixão, animação e determinação.

Por quê? Não é porque Zuck é carismático. Ele pode ser brilhante em muitos aspectos, mas não é socialmente impressionante. A confiança de Zuck frequentemente é interpretada como arrogância. Sua encarada pode ser inquietante. Sua tendência de não prestar atenção em conversas que não lhe interessam é bem conhecida.

A grande lição que Zuck deixa é que definir um propósito claro para a empresa é tão ou mais importante do que ter um líder inspirador. Nem todos conseguem ser um líder carismático como Jobs. É mais seguro trabalhar para que os funcionários se apaixonem pelo propósito, deixando claro qual é o objetivo final da empresa, do que ter de contar sempre com uma única pessoa que os inspire.

Como Zuck diz: ‘As pessoas podem ser inteligentes e hábeis, mas, se não acreditam de verdade no propósito da empresa, então não trabalharão duro’. 

As empresas de tecnologia, como Facebook, Apple e Amazon, são casos que mostram como a paixão e o propósito são elementos fundamentais para o sucesso de um negócio, o que deve inspirar companhias de outros setores. Às vezes, a fé é a melhor estratégia.

Visionários como Zuck, Jobs e Jeff Bezos, da Amazon, entenderam isso melhor do que ninguém. São exemplos de líderes passionais que acreditaram na sua visão e em seu instinto, ainda que nem sempre o caminho apontado por eles parecesse muito claro. ‘É muito importante estarmos dispostos a ser incompreendidos por um bom tempo para ter sucesso’, diz Bezos.

A história de Facebook, Apple e Amazon mostra a importância de ter gestores que nunca sacrificam a qualidade. Líderes que contratam as pessoas certas para ajudá-los e entendem que o sucesso pode levar anos. Pioneiros com coragem de realizar sua visão no longo prazo e, com isso, mudar o mundo.”

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